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Terrapia sedia evento que discute Agenda de Saúde e Agroecologia 2020 da Fiocruz e parceiros e realizará encontro bianual da alimentação viva nesta quinta-feira
05/12/2019
A semana de 2 a 6 de dezembro tem sido de intensa programação na sede do Terrapia, no Campus Manguinhos da Fiocruz. Já nos dias 2 e 3 (segunda e terça-feira), o espaço reuniu representantes de grupos, projetos e iniciativas desenvolvidas na instituição com atuação no campo da Agroecologia para discussão da pauta Agenda de Saúde e Agroecologia. Participaram, também, membros da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), da Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ), da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia), da Embrapa Agrobiologia e do Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba.
Na manhã do primeiro dia, as atividades em agroecologia da Fiocruz realizadas em 2019 e planejadas para 2020 foram apresentadas em falas de até 10 minutos em uma interação ao ar livre. À tarde, foi realizada uma roda de conversa intitulada Redes Territoriais de Agroecologia: ampliando as aproximações com o campo da saúde, no prédio do Cesteh/Ensp. À noite, os participantes se confraternizaram em uma roda de samba, no Centro do Rio, e promoveram o lançamento de quatro publicações sobre agroecologia, elaboradas pelas instâncias participantes do encontro. No dia 3, foi exibido e debatido o filme Fio da Meada, no auditório da Escola Politécnica, e à tarde a atividade foi finalizada com a pactuação para avanços na agenda da saúde e agroecologia.
“Estes dois dias de eventos da agenda de agroecologia e saúde 2020 convergiram com o momento no qual o projeto Terrapia se encontra. Após darmos mais visibilidade e ampliação às pautas de agroecologia no ano de 2019, por decisão interna dos gestores, pudemos conhecer iniciativas dentro da Fiocruz e parceiros importantes da agroecologia no Brasil que ao longo de anos vêm travando lutas emancipatórios para a promoção da agroecologia e soberania dos povos. Entendemos que a agroecologia só acontece por meio do modelo descentralizado de produção de conhecimento no qual a rede de iniciativas são peças fundamentais para avançarmos com a agenda”, comentou a coordenadora do Terrapia, Camila de Santis.
Em sua avaliação, Camila ressaltou, ainda, o sentimento de “alegria pelo Terrapia, além de participar como membro da rede, poder oferecer e apresentar a alimentação viva por meio da culinária elaborada pelos colaboradores voluntários no desejum, almoço e lanche da tarde”, no campus da Fiocruz em Manguinhos.
Encontro bianual da alimentação viva ocorre nesta quinta-feira
Em continuidade às atividades da semana, a edição do segundo semestre de 2019 do encontro bianual da alimentação viva no Rio de Janeiro acontece nesta quinta-feira, das 9 às 14 horas, na sede do Terrapia. Na ocasião, ocorre a festa de formatura dos cursos do Terrapia em uma grande manifestação gastronômica, cultural e artística.
Terrapia convida para oficina sobre Abelhas Nativas sem Ferrão
Dezembro reserva ainda mais novidades no Terrapia. Você sabia que as abelhas nativas são fundamentais para a manutenção da vegetação natural e cultivada? Pensando na conscientização das pessoas sobre a importância dessa espécie, o Terrapia convida a todos para uma roda de conversa com o instrutor Denilson Silva, biólogo da Uerj, capacitado em meliporicultura pela AME - RJ. O encontro acontecerá no dia 12/12 às 13h, na sede do projeto. Participe e aprenda sobre essas abelhas que são responsáveis pela perpetuação de muitas espécies nativas e pela saúde de culturas agrícolas.
*Reportagem: Cogepe Fiocruz/RJ
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Projeto Terrapia no XI Congresso Brasileiro de Agroecologia
8/11/19
O XI Congresso Brasileiro de Agroecologia aconteceu nos dias 4 a 7 de novembro de 2019 na cidade se Aracaju-SE. Com o tema de "Ecologia dos saberes: ciência, cultura e arte na democratização dos Sistemas alimentares" o conhecimento se desenvolveu por meio da compreensão de que a agroecologia se constrói da interação virtuosa entre prática, ciência e política. Desta forma, o congresso possibilitou momentos de grandes reflexões acerca de um olhar ampliado, atento e sensível aos vastos conhecimentos que emergem das estratégias coletivas e populares que se materializam em expressões de agroecologia nos diferentes territórios e vivências ao longo do país.
O Terrapia participou pela primeira vez do congresso representado pela coordenadora geral e pelo professor de agroecologia, Camila de Santis e Thiago Alves que apresentaram as bases metodológicas do projeto e suas interfaces no eixo agroecologia, saúde e alimentação viva. Com a co-presença do coletivo terrapia, os princípios do projeto se alimentam neste evento de lindos frutos emancipatórios por meio das trocas e diálogos de saberes construídos pela diversidade de atores que assim como nós perpetuam: "não somos guardiãos da natureza, somos a natureza".
Agroecologia é projeto de vida, diversidade, soberania alimentar, justiça ambiental, direito dos povos e saúde como dignidade.
Leia a Carta Política do XI Congresso Brasileiro de Agroecologia:
https://aba-agroecologia.org.br/wp-content/uploads/2019/11/XI-CBA-Agroecologia_Carta-Sergipana.pdf
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Como funciona o processo de liberação dos agrotóxicos no Brasil e em que pé estamos em comparação com outras partes do mundo (2019)
Leia matéria no link:
http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/velocidade-maxima
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No país dos agrotóxicos, orgânico é indicador de desigualdade (2019)
Leia matéria no link:
https://outraspalavras.net/ojoioeotrigo/2019/08/no-pais-dos-agrotoxicos-organico-e-indicador-de-desigualdade/
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FAO publica documento que reúne todas evidências contra consumo de ultraprocessados (2019)
Leia matéria no link:
https://outraspalavras.net/ojoioeotrigo/2019/08/inedito-fao-endossa-teoria-que-recomenda-evitar-comida-porcaria/
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Feira da Alimentação Viva (2018)
Com muita alegria, o Terrapia conjuntamente com a Casa Anitcha vem organizando e realizando a Feira da Alimentação Viva no bairro do Grajaú- Rio de Janeiro.
Esta feira surgiu da intenção de divulgar e promover o estilo de vida da Alimentação Viva para alem das paredes do espaço físico do Projeto Terrapia.
Este novo movimento conta com feirantes que produzem arte através do ALIMENTO VIVO, no intuito de despertar os sentidos que abrangem vários pontos de vista, dentre eles: saúde, preservação do meio ambiente, consciência coletiva, sustentabilidade, diversão, arte, comida como cultura, e AMOR.
Sendo assim, convidamos você a cultivar esse movimento conosco!
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Terrapia promove novo encontro da Alimentação Viva e forma novas turmas em seus cursos comemorando 20 anos do Projeto (2017)
Aconteceu na manhã do dia 7/12 (quinta-feira) mais uma edição do Encontro Bianual do Alimento Vivo do Terrapia, iniciativa que compõe o Programa Fiocruz Saudável. A atividade realizada na sede do Terrapia, no Campus Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz, reuniu mais de cem pessoas e celebrou, também, a formatura dos cursos de Alimentação Viva na promoção da saúde e ambiente e Formação de voluntários. No fim, um festivo almoço coletivo selou o evento.
A atividade começou por volta das 8 horas, quando teve início a preparação do suco de clorofila, em grupo. Após o compartilhamento e degustação do preparo, a programação passou a ser a apresentação dos talentos culinários e artísticos. Os formandos do curso de alimentação viva deveriam preparar um prato e expor a receita, como parte da avaliação final da formação e também para contribuir com o almoço coletivo dos participantes.
Integrante da equipe que conduz a iniciativa na Fiocruz, Mariza Paranhos explicou que a finalidade principal da proposta é promover e aferir a criatividade dos alunos, uma vez que os mesmos são estimulados a inovarem nos preparos, criando novos pratos com a alimentação viva, que é baseada em brotos, sementes germinadas e outros elementos da natureza.
Recém-chegada à equipe, a servidora da Fiocruz há 21 anos, Cristiane Quental compõe o Fiocruz Saudável há cerca de seis meses e finalizou o curso de alimentação viva, do qual tirou aprendizados básicos. “Aqui a gente aprende a comer de verdade”, destaca. Na mesma linha, a voluntária do Terrapia há 2 anos e meio, Isabela Costa, de 27 anos, destaca o aspecto educacional da proposta. “Quando você conhece a alimentação viva, passa a ter uma mudança de perspectiva em relação à alimentação. É uma desconstrução de tudo o que você conhecia sobre se alimentar”.
A jovem, formada em advocacia e que hoje trabalha com a alimentação viva, conta que chegou ao Terrapia ao optar pela alimentação vegetariana e foi apresentada à iniciativa por um amigo de seu namorado. De lá para cá, ela permanece participando das atividades e explica sua motivação: “quando você passa a ter convicção do que é bom e ruim em termos de alimentação e começa a sentir na prática os efeitos da alimentação natural, você automática permanece nela”. E disse ainda como faz para conseguir manter seus hábitos mesmo em meio à rotina. “Sempre que saio com amigos, por exemplo, procuro levar algo comigo, uma espécie de plano B, mas em todo caso, mesmo se estivermos despreparados tem sempre um hortifruti ou similares por perto”, aconselha.
Voluntários são homenageados
Ao presentear os voluntários com mudas de plantas, a coordenadora do Terrapia, Camila de Santis, fez uma fala de agradecimento pela dedicação de todos e destacou o papel de cada um, como agentes transformadores. “Vocês talvez nem se deem conta, mas são grandes colaboradores da saúde pública, pela contribuição na mudança de hábitos de várias pessoas”. E emendou: “o Terrapia só existe há 20, anos graças a vocês. Aqui, temos o apoio estrutural da Fiocruz, esse espaço, mas a base que faz tudo isso acontecer, é o voluntariado”, encerrou antes da roda de agradecimento e do farto almoço que fechou a manhã de festa.
E este ano, o projeto completou 20 anos e com muita alegria pudemos expressar tamanha gratidão por todos os colaboradores que pelo Terrapia passaram. Convidamos a assistir este video e sentir um pouco deste universo de fraternidade e gratidão que rege a FAMÍLIA TERRAPIA:
https://www.youtube.com/watch?v=0EcIv7_pHaI
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Participação e palestra do Terrapia no CONGREPICS (2018)
A Coordenação Nacional de Práticas Integrativas e Complementares organizou o I Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Complementares e Saúde Pública e o III Congresso Internacional de Ayurveda, que aconteceu entre os dias 12 e 15 de março de 2018, na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo do congresso foi ampliar o debate sobre a utilização e propagação dessas práticas nos Sistemas Nacionais de Saúde, aprofundar os conhecimentos e discutir os avanços das incorporações das práticas integrativas e complementares.
A Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição organizou a mesa “Abordagens da Alimentação em diferentes Práticas Integrativas e Complementares e sua interface/diálogo com o Guia Alimentar para a População Brasileira”. O Projeto Terrapia foi convidado à participar desta mesa que aconteceu no dia 13/03/2108 e teve como objetivo apresentar, compartilhar e debater experiências, contribuições e desafios da integração das PICS com o Guia Alimentar para a população brasileira em vista da garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável.
Desta maneira, a coordenadora do Terrapia, Camila de Santis, representou o projeto palestrando sobre a proposta e experiência do mesmo na promoção da alimentação adequada e saudável – tendo como objeto a alimentação viva e a promoção da saúde para população. Após esta exposição, a coordenadora participou de uma mesa redonda, de perguntas e respostas, com os participantes presentes e demais profissionais da área de saúde.
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Entrevista com Maria Luiza Branco para canal de comunicação do Ministério da Saúde (2015)
“COMER É UM ATO POLÍTICO”
Publicado por: ASCOM - 17/07/2015 às 13:50
Maria Luiza Branco, fundadora do Terrapia
Quem chega à unidade de extensão do Terrapia, localizada na zona rural de Teresópolis (no Rio de Janeiro), percebe logo que as atividades de imersão do programa, não poderiam ter lugar melhor para funcionar. A unidade é cercada por um verde abundante de uma floresta bem preservada, um riacho com águas cristalinas, animais silvestres e, claro, muitas variedades de alimentos frescos e “in natura”: verduras, legumes, frutas… ah, e tudo orgânico e sem agrotóxicos.
Toda a área pertence à médica e psiquiatra Maria Luiza Branco, fundadora do Terrapia. Uma das principias autoridades no país acerca do movimento conhecido como “Alimento Vivo”, Maria Luiza recebeu a equipe da Ascom-MS-RJ, ocasião em que concedeu uma longa entrevista, revelando detalhes sobre a construção e a consolidação do Terrapia, que começou há 18 anos como uma pequena ação da Promoção em Saúde, virou um projeto, e agora se consolida como um programa.
Com um sorriso sereno de quem alcançou o bem-estar físico e emocional, Maria Luiza fala sobre os principais assuntos polêmicos envolvendo a alimentação na atualidade, a exemplo dos transgênicos e o problema da má nutrição, introduzida pela indústria alimentícia e seus produtos ultraprocessados.
Nesta entrevista, Maria Luiza destaca entre outras questões, o fato de que a busca por uma alimentação saudável, mudou sua vida a tal ponto, que mudou o seu estilo de vida radicalmente, inclusive, abandonando a profissão formal de médica. “Isso eu não sabia: não sabia que alimento muda pensamento. Isso para mim foi a melhor descoberta no alimento vivo”… acompanhe abaixo a entrevista.
Ascom/MS/RJ: Como chegou na alimentação viva?
Maria Luiza: Vem de todo um processo de adoecimento. Tive uma superprodução de insulina que provocou uma hipoglicemia grave. Não conseguia levantar da cama. E os médicos disseram: “é dieta, não tem outra coisa a fazer, não tem tratamento para isso”. E daí, nessa busca das dietas, a minha irmã, a Ana (Ana Branco, arquiteta e professora da PUC/RJ, coordenadora do laboratório de pesquisa de alimento vivo na instituição) que um ano antes de mim teve um problema, um quadro grave, me apresentou a alimentação viva. Ela mudou a alimentação e já tinha feito essa experiência. E falou assim: “eu já sei como a gente se cura” e me levou para casa dela e comecei a praticar o alimento vivo. Em uma semana já tinha sinais de melhora. Assim começou o processo todo, eu descobrindo no meu corpo a recuperação de um estado que era incurável. Três meses depois, já estava andando, já tinha voltado para casa, já estava reassumindo minhas atividades. A partir daí, entrei no alimento vivo e fiquei. Eu não fiz a transição. Eu entrei de um dia para o outro e mudei 100% a minha vida. Agora já são 19 anos.
Ascom/MS/RJ: Então, o Terrapia nasceu como consequência desse encontro com o alimento vivo?
Maria Luiza: O Terrapia tem 18 anos. Quando retornei ao trabalho, nove meses depois do processo de adoecimento, avisei para minha chefia: “vocês têm todo direito de me mandar embora, mas eu não sou mais uma médica.” E o meu chefe disse: “mas você gostaria de fazer o que?” Eu disse que gostaria de fazer uma horta num centro de saúde para conversar sobre alimentação com as pessoas. Ele disse que não estava entendendo bem a proposta, mas disse que o pessoal da promoção da saúde tinha um projeto nessa área. Estudei bastante as bases das promoções da saúde. Descobri uma metodologia da pesquisa baseada na comunidade e comecei a fazer os primeiros encontros, que foram em volta da mesa, dentro do centro de saúde, bem pequenininho. Aí começou a encher de gente e pensei: isso não pode ficar aqui, então vamos começar a procurar um lugar para fazer uma horta junto com a mesa. Reuni o pessoal da jardinagem, da cooperativa de trabalhadores de Manguinhos, que tinha um galpão onde é hoje o Terrapia, uma horta para complementação da marmita deles. Eles traziam a marmita, mas pegavam uma salada da horta. Aí eu disse que também gostaria de usufruir da horta. E eles toparam e assim tudo começou. Na sequência, fizemos um curso em forma de horta para adolescentes, até que foi chegando gente, chegando gente, se estruturando… O que eu não deixava faltar era a vontade de partilhar a comida viva. Hoje já tem muita gente que está ‘100% vivo’. Tem a escola, chama-se Escola Viva Terrapia.
Ascom/MS/RJ: Como a Fiocruz te acolhe?
Maria Luiza: Me acolhe completamente. Nunca tive dificuldade, porque a Fiocruz é uma instituição inteligente. Ela tem compromisso com a pesquisa. O Terrapia é muito bem visto na Fiocruz, por conta da adesão popular. Alguns colegas médicos já foram fazer o curso e adoraram. Nutricionistas, então, são muitos.
Ascom/MS/RJ: O que esta semente germinada faz?
Maria Luiza: Alimento vivo, o foco é na semente. Na minha experiência, o que eu percebi foi a força da semente, de como é que ela é capaz de promover mudanças estruturais na sua vida. Só a presença dela, não precisa fazer muito mais do que colocar ela na sua boca e também começar a tocá-la. A semente, em processo de germinação, é a transformação viva acontecendo no máximo de potencialidade, um bebê rompendo. A energia e a frequência dessa transformação proporciona um clarão de consciência. De verdade, muda a mente, você começa a enxergar coisas que antes não esperava. A percepção, a senso-percepção modifica completamente. Isso eu não sabia, que alimento muda pensamento. Isso para mim foi a maior descoberta do alimento vivo. E aí foi que perdi completamente o interesse por doenças e me deu essa vontade de conversar com todo mundo sobre a alimentação viva.
Ascom/MS/RJ: Muita gente questiona a validade científica, como vê a questão do ponto de vista científico?
Maria Luiza: Eu não me dedico aos estudos científicos comprobatórios. Mas sei que tem muita gente fazendo. A Universidade de Berkeley tem uma linha de pesquisa boa sobre isso. Harvard tem uma linha de pesquisa em cima do corpo como ecossistema e como alimentar o ecossistema. O Terrapia foi um experimento, com uma metodologia, ele foi desenvolvido para como mobilizar a população, como trabalhar o grupo, como fazer a população aderir. O índice de comprovação é de aderência. Este é um indicador de sucesso, a sua continuidade. Porque tem todo um processo metodológico de trabalho na área de mobilização da população. Isso é educação em saúde, não é laboratório. Não me dedico à comprovação, porque decidi me dedicar à metodologia educativa, isto é, como mobilizar a população a mudar hábitos de vida. Isso chama metodologia qualitativa de pesquisa, dentro da área social, que também é ciência. Esta é uma linha de pesquisa. Quando fui estudar a força da semente, eu caio no conceito da energia vital. Esse conceito atravessa toda história da medicina, de Hipócrates até hoje. É o chamado movimento vitalista, que aceita a possibilidade de ter coisas que aconteçam sem que você possa medir. Eu também não me dediquei a querer convencer ninguém disso. Eu experimentei em mim e o que eu proponho é que você experimente em você, porque aí vai ver a energia.
Ascom/MS/RJ: Levando-se em conta os princípios do SUS, como universalidade, integralidade e equidade, como tornar participativo esse processo do alimento vivo para pessoas com menos instrução ou sem qualquer estudo?
Maria Luiza: Eu faço um convite. Aqui, no Terrapia, a gente vai trabalhar o alimento vivo na prática. Terrapia é 80% prática e 20% teoria. Então, aqui, vocês vão fazer a comida e vão experimentar. O que eu posso contar para vocês é o que este alimento fez comigo. Eu vou contar que para mim foi maravilhoso. Agora, você experimenta. Eu não estou aqui com um produto maravilhoso para vender para você. Eu estou aqui só querendo compartilhar uma experiência. O foco não é a doença, é a saúde. Por isso que está 100% dentro do projeto de promoção à saúde.
Ascom/MS/RJ: É possível uma dieta com base em alimento vivo mesmo com produtos não-orgânicos?
Maria Luiza: Não tem problema. Até o contrário. O tomate, por exemplo, que é um dos grandes vilões do agrotóxico, quando ferve ou cozinha, potencializa as toxinas. Então, o alimento cru, pode lavar, esfregar e pegar a vitalidade dele. Com a vitalidade dele, seu organismo dá tempo de botar para fora o que é ruim e de absorver o que precisa. Porque está carregado da energia vital. A energia vital faz o processo acontecer. O propulsor de sua própria energia, do alimento, que potencializa a sua. O que eu falo: a gente não pode no Brasil se comprometer a juntar alimento vivo com orgânico. Não pode! Porque o país não tem orgânico… Então, a gente vai ficar esperando aparecer o orgânico para poder comer vivo? Não! Vamos comer com agrotóxico sim, mas vivo… o que gera uma outra coisa. Todo o meu processo inicial não foi com orgânico, não tinha acesso. Não tem saída esta questão. Nós estamos imersos. Somos o campeão mundial de agrotóxicos, vai fazer o quê? Eu li o guia do Ministério da Saúde e fiquei feliz de ver que tem boas práticas de alimentação. Porque tem um monte de brechas para discussão do alimento vivo ali dentro e é tudo o que a gente espera, que tenha uma segurança de uma política séria de alimentação.
Ascom/MS/RJ: Tem toda uma visão muito elitista de determinadas formas de se alimentar, o Terrapia quebra esta questão?
Maria Luiza: Normalmente, alimento vivo, no mundo, é para rico e é para gente chique, elitizada, gastronomia gourmet. A única escola de alimentos vivos gratuitos é a Terrapia. A gente faz moqueca de caju, moqueca de banana da terra, que é um espetáculo, almôndega de banana da terra. É a pesquisa da culinária viva da alimentação brasileira, onde todas as mulheres de qualquer classe social são inventivas e podem criar.
Ascom/MS/RJ: Suas palavras finais…
Maria Luiza: Não posso abrir mão da discussão dos transgênicos e da agroecologia. O que está acontecendo com os plantadores, o que está acontecendo com o movimento das sementes no planeta? Quem é que está dominando as sementes e por quê? O que está acontecendo com os organismos geneticamente modificados? Todos os nossos alimentos já estão modificados, mas não necessariamente por transgenia. Transgênico é quando junta o gene de um reino com gene de um outro reino. Por exemplo, pega um gene do peixe e um gene do tomate e faz um ser que você não sabe o que é. Isso é a transgenia. O organismo geneticamente modificado (OGM) acontece na natureza todos os dias quando as plantas interferem uma na outra e fazem mudança genética. Vem um inseto come um pedaço da folha e ali já produziu um fenômeno genético na planta. Isso é um movimento natural. Mas isso, se for artificialmente, já é uma outra coisa. A cenoura originalmente era mais fina que um dedo, branca e comprida. Aí vai para o laboratório, muda o padrão genético, engorda ela, e muda a cor, porque as pessoas não acham graça comer cenoura branca. Vendem as sementes para todo mundo fazer cenoura igual no planeta inteiro. E assim acontece com todos os alimentos. Todos, sem exceção e nós somos isso. Quem é que faz a contraposição deste movimento? São os plantadores comprometidos com as sementes originais. Já existe uma rede internacional. A natureza faz isso, é da resistência. E cada um garante, através de uma troca, a persistência. Eu, aqui, sou plantadora deste tipo de alimento original, de um chuchu original. E cada um assume uma semente original, sendo os guardiões das sementes no planeta, porque se não acaba e vamos sempre comer milho transgênico. Não como milho transgênico, como milho original de sabugo preto que é muito gostoso. É uma questão de atitude. Por isso, eu costumo dizer que comer é um ato político. Então, em todo o processo alimentar, você pode se manifestar politicamente com a sua decisão. A metodologia do Terrapia incentiva que todos sejam seus próprios médicos e assumam o cuidado com sua saúde.
Por Cláudia Ferrari e
Aluízio de Azevedo
Fotos: Cláudia Ferrari
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Terrapia realiza a experiência: Refeição a R$ 3,00
No dia 09/07 recebemos 46 pessoas em nosso espaço para um almoço coletivo, para demonstrar na pratica que é possível se alimentar bem, bonito e baratão! Cada um levou ingredientes custando até R$ 3,00 e juntos fizemos um banquete que alimentou a todos com muita fartura! Com isso, o Terrapia confirma que promove a ALIMENTAÇAO VIVA PARA TODOS. A Alimentação viva é baseada na vitalidade dos alimentos frescos, crus e in natura. Utilizamos sementes, legumes, verduras, frutas e temperos naturais em nossas preparações culinárias e convidamos todos a nos visitarem e aprenderem a “CRU-zinhar”. Confiram a nossa programaçao semanal e sejam muito bem vindos! Aguardamos você.
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Visita da turma de Residência Multiprofissional em Saúde da Família
No ultimo dia 15 de abril, o Terrapia recebeu os alunos do curso da ENSP em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e o Ministério da Saúde.
O grupo de 26 pessoas, formado por enfermeiros, cirurgiões-dentistas, nutricionistas, assistentes sociais e psicólogos, participou de uma oficina no Terrapia, onde foi apresentado o conceito de Alimentação Viva na Promoção da Saúde e Ambiente, demonstração de germinação de sementes, suco de clorofila e preparação de um almoço vivo. O dia foi finalizado com a degustação de saladas com salpicão vivo e guacamole.
O grupo solicitou a incorporação desta proposta de promoção da saúde na grade de suas atividades teórico-práticas. O objetivo foi entender esta abordagem de alimentação. Dizer como irão aplicar o conhecimento em suas atividades, só depois de finalizar estes dois anos de curso, segundo a professora Margareth, coordenadora da primeira Unidade de Aprendizagem.
O Terrapia agradece a visita e fica à disposição para este e outros grupos que queiram nos visitar e conhecer mais sobre a Alimentação Viva.